quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Por defesa do SUS, milhares vão às ruas em Brasília

Ato precedeu a abertura da 15ª Conferência Nacional de Saúde 

Publicado em: http://cut.org.br/
Escrito por: Igor Carvalho




Foto: Ademir Rodrigues

Na tarde da última terça-feira (1), aproximadamente 15 mil pessoas se reuniram em Brasília para um grande ato em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). A manifestação, que reuniu pessoas de diversos estados brasileiros, partiu da Catedral Metropolitana e seguiu até o Congresso Nacional.

Nem mesmo a alta temperatura e o implacável sol que castigava Brasília, cansou os manifestantes que seguiram em caminhada pelas ruas da capital. Entre eles, Madalena Margarida da Silva, secretaria nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, que criticou a “paralisação do País pela direita”. “Precisamos derrubar essa agenda conservadora, que oprime mulheres, que oprime a classe trabalhadora, que oprime os mais pobre do Brasil. Temos que impor nossa agenda”, afirmou a dirigente cutista.

A precarização do trabalho, atrelado à terceirização, é fundamental para se compreender o adoecimento de trabalhadores da Saúde. “É a ameaça do capitalismo. A busca por lucros faz com que se explore o trabalho para além de seu limite, há assédio moral e sexual, há desvalorização e por isso temos que estar juntos, na rua, para defender o SUS dessa ofensiva”, convocou Madalena.

A secretaria adjunta de Saúde do Trabalhador da CUT, Maria de Fátima Veloso Cunha, também esteve no ato. “O SUS sofre um ataque nunca visto em sua história de 26 anos. Precisamos trazer para a população a realidade do SUS, mostrar que falta investimentos e brigar por mais recursos.”

Uma das principais bandeiras da manifestação foi justamente o aumento no repasse de verbas para a Saúde. Em inúmeras falas, a defesa do “Saúde+10” (PLP 321/2013), que está estagnado no Congresso Nacional.

Se o projeto fosse aprovado, o SUS contaria com um acréscimo no orçamento de cerca de R$ 46 bilhões, o que corresponde a 0,8% do PIB. “É uma briga importante, é preciso aumentar os recursos do sistema para que possamos garantir que todos os brasileiros tenham acesso à saúde”, afirmou o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, que foi saudado pelos manifestantes. “Vim aqui como cidadão comum, que se preocupa com o SUS e que não quer ver a saúde ser tratada como mercadoria no Brasil”, explicou.

Abertura da Conferência

A agitada terça-feira em Brasília terminou com a abertura da 15ª Conferência Nacional da Saúde, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Durante o evento, o atual ministro da Saúde, Marcelo Castro, e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), foram vaiados pela plateia, formada majoritariamente por trabalhadores e trabalhadores da Saúde.

Compareceram, também, a abertura, os governadores Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, e Wellington Dias (PT), do Piauí. Além da presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro, e dos ex-ministros da Saúde, Alexandre Padilha e Artur Chioro, o último foi muito aplaudido pelo público presente no Ulysses Guimarães, que em pé gritou seu nome.

Maria do Socorro abriu a Conferência e pediu uma nova agenda para o País. “Se as nossas pautas não estão colocadas no fluxo do Legislativo, nós temos que potencializar esse lugar e fazer com que os parlamentares assumam compromissos conosco. Nós não podemos pensar o Brasil a cada quatro anos, temos que pensar como um projeto maior.”

Também defendendo o “Saúde+10”, Maria do Socorro pediu mais investimentos na área. “Nós temos um dos maiores orçamentos dos ministérios, mas ele ainda não é o suficiente para atender todos os brasileiros e brasileiras, sabemos que o SUS não chega em todos os lugares do Brasil.”

Em meio às intervenções da mesa de abertura da Conferência, o público se manifestava pedindo o imediato afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). “Fora Cunha”, gritavam os trabalhadores.

O governador Rollemberg foi sucinto em sua fala. “Nós estamos aqui para nos associar à essa pauta de um financiamento maior do SUS”, disse em discurso célere, com menos de três minutos, fugindo das vaias que se acumulavam.

Já o atual Marcelo Castro, que encerrou a fila de discursos da noite, falou por quase 40 minutos e abusou da paciência da plateia, que o vaiava: “O SUS é a maior política pública de direitos humanos e sociais. Admiro a força dos usuários do SUS e seus trabalhadores. São incansáveis e obstinados. Todos vocês são merecedores de minha admiração”, elogiou. “Não pode haver retrocessos nas conquistas do direito à Saúde”, encerrou o ministro, que viu parte do público abandonar o Centro de Convenções durante seu discurso.

Para Fátima, secretária da CUT, a “Saúde é um bem-estar e não ausência de doença. Por isso, precisamos discutir, nessa importante conferência, diversos temas que cercam essa sensação de bem-estar”.

Pautas profundas da Saúde no Brasil precisam ser alcançadas nesta semana, explicou Madalena. “A marcha em defesa do SUS e a Conferência, que acontece nesse momento de crise política e econômica, tem como objetivo reforçar os debates e consolidação do Sistema Único de Saúde”, explicou a dirigente.



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