domingo, 20 de dezembro de 2015

Justiça sequestra bens de sete por rombo de R$ 180 milhões no Postalis




     A Justiça Federal decretou o sequestro de bens de sete alvos da Operação Positus, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 17, para apurar fraudes no período entre 2006 e 2011 na gestão de recursos do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios. A medida alcança imóveis dos investigados, entre eles o ex-presidente do fundo Alexej Predtechensky e o ex-diretor financeiro Adilson Florencio da Costa, ambos ligados ao PMDB do senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (MA).
     O bloqueio foi ordenado a pedido da Polícia Federal, informou o delegado Milton Fornazari Junior, chefe da Delegacia de Repressão a Ilícitos Financeiros da PF em São Paulo. Fornazari esclareceu que os imóveis serão inventariados para avaliação de cada bem.
     “O sequestro visa garantir futuro ressarcimento de quem realmente perdeu com as fraudes, os funcionários dos Correios, inclusive os aposentados.”
     Fornazari, cuja especialidade na carreira é o combate a delitos financeiros, destacou que o bloqueio de ativos visa ‘descapitalizar a organização criminosa’.
     Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Belém e João Pessoa. A Justiça Federal em São Paulo também autorizou a prisão preventiva de Fabrizio Neves, que estaria vivendo nos Estados Unidos. Ele requereu o passaporte italiano em Miami e há dois meses viajou para a Espanha. Como não foi localizado, seu nome foi incluído na lista de procurados da Interpol.
     A PF já apurou que os prejuízos com operações superfaturadas de títulos podem atingir a soma de R$ 180 milhões, de um total de R$ 370 milhões em recursos aplicados e administrados fraudulentamente.
     Os alvos da Positus são dois ex-gestores do Postalis e cinco administradores de corretoras de valores. O inquérito da PF foi instaurado em 2012 e identificou que dois fundos de investimentos do Postalis promoveram transações por meio de uma administradora de valores com sede em São Paulo, porém, executadas em Miami, nos Estados Unidos.
     “A fraude consistia na compra de títulos do mercado de capitais, por uma corretora americana, que os revendia por um valor maior para empresas com sede em paraísos fiscais ligadas aos investigados. Em seguida, os títulos eram adquiridos pelos fundos do Postalis com um aumento ainda maior no valor dos papeis. Assim, em um período de dois dias apenas e, sem justificativa, a aquisição era feita por um preço mais de 60% maior do que o real valor de mercado”, informou o delegado Alexandre Manoel Gonçalves, que integra a força-tarefa da PF para a Operação Positus.
     Parte dos desvios migrou para contas de offshores situadas nas Ilhas Virgens Britânicas.
     A Polícia Federal solicitou cooperação jurídica internacional dos Estados Unidos. A Autoridade Regulatória da Indústria Financeira (FINRA, sigla em inglês) rastreou as operações fraudulentas com papeis do Postalis.

FONTE: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/justica-sequestra-bens-de-sete-por-rombo-de-r-180-milhoes-no-postalis/


PARA NÃO ESQUECER/ MEMÓRIA 2014

Diretor do Correios no Rio é afastado pela Justiça e tem os bens bloqueados. Em sua gestão, foram descobertas fraudes no plano de saúde da estatal



Omar de Assis Moreira, diretor regional do Correios no Rio,
foi afastado do cargo Foto: Reprodução





Flávia Junqueira
Publicado em: 18/11/14

O diretor regional do Correios no Rio, Omar de Assis Moreira, foi afastado do cargo e teve os bens bloqueados, na última sexta-feira, por decisão da 3ª Vara Criminal Federal. O chefão da estatal no estado foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos crimes de peculato — quando o funcionário público se apropria ou desvia dinheiro ou qualquer outro bem de que tem a posse em razão do cargo — formação de quadrilha e corrupção passiva.

Para formular sua denúncia, o procurador Sérgio Luiz Pinel Dias se baseou em inquérito da Polícia Federal que investiga fraudes que ultrapassam R$ 15 milhões no plano de saúde do Correios. O esquema, denunciado pelo EXTRA em agosto do ano passado, envolve funcionários da estatal, como o ex-gerente de Saúde Marcos Esteves, médicos, hospitais e empresas de material cirúrgico.

Na última sexta-feira, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na residência de Omar, no Condomínio Origami, na Avenida Abelardo Bueno, Barra da Tijuca. Lá, policiais procuraram provas que confirmassem as informações fornecidas por uma testemunha do caso que não quis ser identificada. Segundo a testemunha, o esquema começou em 2011, ano em que Omar assumiu o cargo. O diretor teria se juntado a dois assessores e a um funcionário da Cedae para praticar as fraudes. Inicialmente, o esquema envolveria hospitais credenciados ao plano de saúde do Correios. Eles recebiam em 30 dias os pagamentos de faturas que demoravam, normalmente, até três meses para sair. Em troca, o grupo receberia 20% do valor dos serviços. Em pouco tempo, novas formas de fraudes surgiram, como a realização de cirurgias pré-programadas como se fossem emergenciais, o que dispensaria a apresentação de três cotações de preços, e a valores superfaturados.

A direção do Correios em Brasília informou que Omar “está afastado do cargo, com o objetivo de preservar a condução de processo da Justiça Federal sobre possíveis irregularidades na gestão do plano de saúde no Rio de Janeiro”. Em nota, a estatal afirma que “o processo está relacionado à investigação da Polícia Federal que foi solicitada em junho de 2013 pelo próprio diretor regional Omar de Assis Moreira”. O diretor, acrescenta a nota, também determinou a abertura de processo interno de sindicância, atualmente conduzido em Brasília e acompanhado pela Controladoria Geral da União (CGU), e constituiu grupo de trabalho para apoiar as investigações da PF. Além disso, a Administração Central dos Correios em Brasília informa que encaminhou denúncia sobre o caso ao Ministério Público Federal, em setembro de 2013. Durante o período do afastamento, Omar será substituído por Márcio Miranda Vieira da Rosa.

Fraudes milionárias

Uma operação de coluna de uma idosa, que custou quase R$ 1 milhão só em material, é uma das cirurgias investigadas pela PF, como o EXTRA revelou em agosto do ano passado. A autorização foi assinada pelo então gerente de Saúde Marcos Esteves. Um único parafuso usado na operação saiu por mais de R$ 25 mil, valor equivalente ao de um carro popular.

Em dezembro de 2013, o EXTRA denunciou que o Hospital Espanhol cobrou R$ 502 mil do Correios por uma cirurgia-fantasma. Apesar de autorizado, o pagamento não chegou a ser feito. Em outro caso, mostrado em fevereiro deste ano, o pagamento por serviços-fantasmas chegou a ser feito.

O Correios pagou mais de R$ 1 milhão ao Hospital Balbino, entre 9 de novembro de 2011 e 12 de março de 2012, sem que nenhum serviço fosse prestado. O hospital negou envolvimento com as fraudes.

Também em fevereiro, a empresa pagou R$ 336.044,95 por uma cirurgia odontológica que não teria acontecido. O preço cobrado por uma única broca: R$ 19.978.



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